Empréstimos na maquininha: por que são proibidos?

Autor:

O gerenciamento de pagamentos, transações de débito e crédito, base de clientes, vendas e maquininhas de cartão pode ser um desafio complexo para muitas empresas. Essa complexidade aumentou quando alguns empreendedores perceberam a oportunidade de explorar as maquininhas de cartão de crédito para oferecer empréstimos e autofinanciamento. No entanto, devemos destacar que essa prática é proibida no Brasil. Neste texto, vamos explorar o tema do autofinanciamento, especialmente para aqueles que operam maquininhas de cartão, e entender por que essa prática é considerada ilegal.

O que é autofinanciamento?

Essa prática consiste num método pelo qual uma empresa ou pessoa financia suas operações e investimentos usando seus próprios recursos financeiros, em vez de recorrer a fontes externas, como empréstimos bancários. Embora seja uma prática comum nas empresas, em determinadas situações, dentro da indústria de meios de pagamento, o autofinanciamento pode ser considerado crime.

No Brasil, existem modalidades de autofinanciamento permitidas, como o consórcio. Nesse processo, um grupo de pessoas se reúne para adquirir um bem ou serviço específico, contribuindo mensalmente com valores pré-determinados para formar um fundo comum. Periodicamente, os consorciados são contemplados por meio de sorteio ou lance, recebendo o valor do fundo. O consórcio é administrado por uma empresa especializada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil (Bacen), garantindo sua legitimidade e legalidade.

No entanto, a prática se torna ilícita quando realizada por uma instituição não autorizada pelo Bacen, violando as leis e regulamentos que regem o setor financeiro. Isso pode levar a situações como o não recolhimento dos devidos tributos, a aplicação de taxas abusivas e a divulgação de propagandas enganosas.

Na indústria de meios de pagamento, observou-se que as maquininhas poderiam ser utilizadas para propósitos além das transações tradicionais com cartões na venda de produtos ou serviços. Assim, as maquininhas passaram a ser utilizadas para simular compras e adquirir dinheiro de forma indevida. Entre as práticas comuns de autofinanciamento utilizando a maquininha de cartão de crédito, estão:

  • Uso do próprio cartão de crédito na própria maquininha para pagar a fatura do cartão de crédito.
  • Máquina e cartão da mesma pessoa, em que o dono da máquina utiliza seu próprio cartão no dispositivo para retirar dinheiro.

 

Por que essa prática é proibida? Embora possa parecer uma solução rápida e conveniente para as empresas obterem capital de giro, essa prática levanta preocupações significativas sobre transparência e responsabilidade. No processo de autofinanciamento por meio da maquininha, não ocorre uma transação comercial legítima, mas sim uma simulação destinada a liberar crédito para o proprietário do estabelecimento. Não há efetiva compra de produto ou serviço envolvida, o que caracteriza o uso impróprio do cartão e do crédito disponibilizado pela instituição financeira emissora do cartão. Essa prática constitui fraude contra o sistema financeiro, uma vez que o crédito obtido por meio da simulação de compra é utilizado, entre outros fins, para quitar a própria dívida que o comerciante possui com a administradora.

Impactos do autofinanciamento

O autofinanciamento na maquininha de cartão de crédito pode trazer inúmeros impactos para o sistema financeiro como um todo, tais como:

  • Distorção da competitividade do mercado, impactando negativamente outras empresas e provocando instabilidade financeira;
  • Perda de confiança dos clientes e investidores, resultando na queda da reputação da empresa e exposição a diversos riscos financeiros;
  • Possíveis danos à imagem da empresa;
  • Enfrentamento de sanções legais e penalidades impostas por órgãos reguladores financeiros.

 

Além disso, aquele que possui uma maquininha de cartão de crédito assinou com seus fornecedores um contrato que estipulava cláusulas específicas para o uso do equipamento. Dependendo dos termos do contrato, diversas podem ser as consequências decorrentes da utilização da maquininha para fins diferentes dos previstos, incluindo:

  • Cancelamento do cartão;
  • Estorno do valor;
  • Bloqueio da transação;
  • Devolução das maquininhas;
  • Possibilidade de ser denunciado formalmente.

 

As implicações do autofinanciamento por meios ilícitos vão além das sanções legais. Do ponto de vista empresarial, tais práticas podem comprometer gravemente a reputação da empresa, minando a confiança dos clientes e investidores. A partir do momento em que a empresa é associada a atividades fraudulentas, sua credibilidade é colocada em xeque, o que pode resultar em perda de clientes e dificuldades para conquistar novos negócios. O uso indevido de maquininhas de cartão pode acarretar em penalidades por parte dos órgãos reguladores financeiros. Instituições reguladoras como o Banco Central e a Receita Federal podem impor multas e outras medidas punitivas, prejudicando ainda mais a saúde financeira da empresa.

Dessa forma, é essencial que todos os parceiros, clientes e fornecedores estejam vigilantes e bem informados acerca das práticas que ocorrem no mercado de pagamentos. É fundamental estar atento à utilização das maquininhas de cartão para simular transações ou obter recursos de maneira inadequada. Ao reconhecer esses comportamentos, promovemos a integridade e a transparência na indústria de meios de pagamento, da qual fazemos parte.